Brasil Central Music - Goiânia/GO - 17/11/2010
Mesa 03:
Festivais Independentes no Interior
Participantes:
Ricardo Rodrigues (Festival Contato – São Carlos/SP), Tião Donato
(Goiaba Rock – Inhumas/GO) e Talles Lopes (Jambolada –
Uberlândia/MG)
Ricardo inicia a mesa
falando sobre a origem do Contato, um festival apoiado pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). A universidade tinha
poucas ações culturais na cidade, e a partir de uma mudança
política, se viram estimulados e investiram ações de comunicação,
como a Rádio e o Cine UFSCAR. Os dois projetos passaram a fomentar a
cena local, e o festival surgiu naturalmente como uma necessidade de
catalisar todo esse movimento da cena local.
Ainda evidencia que
dentro do festival surgem ações que passam a fomentar a cidade
durante o ano inteiro, e não somente no período do festival, como
foi o caso do Massa Coletiva, coletivo de produção cultural atuante
da cidade que surgiu em grande parte por mérito do Contato, e que
hoje também se dedica ao fomento de outros coletivos pelo interior
do estado através da rede Fora do Eixo;
Tião Donato ao falar
do Goiaba Rock, se diz já contemplado em muitas das falas do Ricardo
sobre a estruturação do festival, o que o leva a concluir que as
realidades dos festivais do interior são muito semelhantes,
independente de que região do país se encontre.
Hoje o Goiaba Rock
tornou-se um Ponto de Cultura do Governo Federal, o que os
possibilitou investir na estrutura do festival e no crescimento da
transversalidade com outras artes.
Talles Lopes faz uma
contextualização histórica dos festivais, desde os anos 60, dos
antigos formatos de festivais de competição de compositores,
festivais esses que revelaram ao Brasil grandes nomes da música
popular que são ícones até os tempos atuais. Mas os eventos nesses
moldes se extinguem após metade da década de 80, e o nome festival
só volta a ganhar força novamente no final da década de 90, mas
agora com um outro formato, de ser um apresentador de uma safra de
músicos e bandas que estavam de fora do que era apresentado nas
mídias de massa, que tinham um compromisso local e tentava ocupar de
certa forma o lugar das gravadoras e das rádios, que vinham entrando
em crise.
Em 2005, durante o
festival Goiânia Noise, surge então a Abrafin (Associação
Brasileira de Festivais Independentes), entidade que foi ganhando
musculatura e hoje ocupa importante posição nos âmbitos de
discussão de políticas públicas culturais.
Talles ainda aborda as
vantagens e desvantagens de se fazer um festival em cidades do
interior. Uma das desvantagens claras é o provincianismo, que leva o
preconceito aos termos do rock ou da música independente,
dificultando o encontro de parceiros que apostem investir no
festival. Mas em compensação, existem a vantagens, como a carência
de eventos culturais locais que podem dar grande possibilidade da
ação se tornar protagonista na cidade, além das redes pessoais em
cidades do interior serem menores e mais curtas, o que permite que um
produtor possa chegar com mais facilidade à um diálogo com o poder
público. Importante ponto levantado para Minas, que é um dos
estados com o maior número de festivais independentes que se
encontram em pleno momento de expansão.
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